Um vulcão pode expelir uma imensa quantidade de material no céu, tornando o tempo mais frio e produzindo um pôr-do-sol espetacularmente vermelho e alaranjado. Mas os problemas de ontem na aviação ressaltam o que essas cinzas podem fazer para aeronaves comerciais.
Tanto impacto na programação dos vôos é incomum, porque as cinzas normalmente aparecem longe dos locais de maior tráfego aéreo. A erupção desta semana na Islândia soprou detritos por todo o norte da Europa, ameaçando a maioria das rotas da costa leste.
As cinzas vulcânicas podem ficar no ar por dias e viajar longe. Das mais de 20 aeronaves danificadas pelas cinzas na erupção de 1991 do Monte Pinatubo, nas Filipinas, a maioria estava voando a mais de 960 km do vulcão.
As pequenas partículas são invisíveis aos radares das aeronaves e não podem ser vistas à noite. Logo, o monitoramento de vulcões é um assunto sério nos Estados Unidos.
"Uma vez detectada a erupção, nossa primeira medida é ligar para a FAA”, disse Tom Murray, diretor do Centro Geológico de Ciência Vulcânica, que supervisiona cinco observatórios nacionais. Os cientistas trabalham com a equipe da FAA, sigla para Federal Aviation Administration, e o Serviço de Clima Nacional para rastrear as cinzas.
As cinzas abrasivas podem afetar o escudo de vento de um jato, bloquear entrada de combustível, contaminar o sistema de óleo e eletrônica e prejudicar os tubos que sentem a velocidade do ar. Mas o dano mais imediato é nos motores.
"Motores de avião são como aspiradores de pó gigantes. Se eles estão em uma nuvem de cinzas vulcânicas, eles estão apenas sugando ela inteira, o que danifica o motor”, disse Murray.
A cinza derretida pode se fixar ás pás da turbina, “como tinta em spray”, ele disse. Os depósitos podem bloquear o fluxo normal de ar através do motor, causando a perda de potência e seu desligamento.Além disso, ele diz, os depósitos podem recobrir os sensores de temperatura do combustível, fazendo-os acreditar que o motor está mais frio. Então o sistema joga mais combustível, aumentando o calor e danificando a turbina, o que também pode causar uma pane.
Os efeitos podem ser devastadores. No incidente de 1989, o 747 desceu mais de 3 km em cinco minutos, enquanto a tripulação lutava para religar os motores. Os 231 passageiros podiam sentir o enxofre das cinzas que saíram do vulcão Redoubt, a 240 km. Eventualmente, todos os motores foram religados e o avião pousou em segurança em Anchorage. Todos os quatro motores tiveram que ser trocados.
As cinzas do Monte Pinatubo, nas Filipinas, viajaram mais de 5 mil milhas até a costa leste da África. A erupção lançou uma coluna de cinzas e fumaça de mais de 19 milhas de altura, contendo material o suficiente para ser qualificada como, talvez, a maior erupção do século 20. A chuva pesada de cinzas deixou cerca de 100 mil pessoas desabrigadas e forçou outras milhares e se mudarem.
Os efeitos das cinzas foram ainda mais espalhados. As temperaturas médias mundiais caíram mais de um grau nos dois anos seguintes, um efeito visto por muitos cientistas como um equilíbrio ao aquecimento global.
O efeito no clima foi muito maior na erupção de 1815 do Tambora, na Indonésia – também chamada de a maior erupção registrada da história. O ano seguinte foi conhecido como “o ano sem verão”, com neve esporádica e frio mortal em junho e agosto na Nova Inglaterra e Europa. As lavouras morreram e os famintos foram alimentados pela caridade.
As cinzas da erupção do Krakatau (chamado também de Krakatoa), entre Java e Sumatra em 1883, escureceram o céu das áreas próximas por dois dias. Elas rodaram a terra várias vezes, formando pores-do-sol brilhantes retratados na Inglaterra pelo artista William Ashcroft.info.abril.com.br/noticias
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